Vinea Store

 

Não, você não leu errado. É Vinea Store mesmo. Não é um restaurante. É uma loja de vinhos.

Fica bem perto da minha casa, e sempre passo lá a pé. Em uma dessas passadas, entrei para conhecer, e acabei sabendo que eles promovem jantares-degustação algumas vezes por semana.

 

Funciona assim: em cada dia da semana tem um tipo de prato (eu tenho certeza que na quarta-feira tem massa e na quinta, risoto). Este prato é servido em porção reduzida (mas não tão reduzida assim), e são sugeridos alguns (uns quatro) tipos de vinho que harmonizam com ele. É cobrada uma taxa de 10 reais pelo prato, e o vinho é vendido a preço de prateleira.

 

Como o vinho não sofre o incrível processo de multiplicação do preço que costuma sofrer nos restaurantes, é uma ótima oportunidade para experimentar bons vinhos, que em restaurantes teriam preços proibitivos, em um lugar agradável e acompanhado de um prato que com certeza irá se dar bem com ele (as sugestões de harmonização são feitas por quem entende da coisa).

 

Como é um lugar bacana, onde se come bem e se bebe bem por um preço bem justo, é claro que é basicamente obrigatório reservar: mesmo em dia de frio e chuva a casa fica lotada. Como o prato é sempre único, se você tem restrições alimentares, aproveite para perguntar qual é a oferta do dia na hora de reservar, porque, se tem algo de que você não gosta, não vai ter opção.

 

O lugar é lindinho: eles reformaram duas casas antigas, amplas, deixando um quintal-jardim muito mais que charmoso. É neste quintal que as degustações acontecem.

 

O piso é de pedrinhas, existem mesas de tamanhos variados (acomodam desde um casal até um grupo de umas 10-12 pessoas), de madeira ou espelhadas, com as cadeiras de modelos variados, sendo algumas delas – que eu acho lindas – de acrílico transparente. Existem plantas em profusão, inclusive nos muros. Tem também uma lareira, que aquece o lugar nos dias mais frios. Todas as mesas têm um vasinho com um arranjo bem colorido de flores frescas. Super caprichado.

 

Os garçons são mais que treinados. Sempre sabem as principais características dos vinhos sugeridos e conseguem dar sugestões boas para quem não entende nada, sempre respeitando o gosto do cliente.

 

Enquanto espera o prato – que vem quando você quiser – e para acompanhar o risoto, você tem duas opções: o couvert (pães frescos com azeite de qualidade) ou uns petiscos (queijinhos variados – brie, grana padano, chevre… –, presuntos, azeitona).

 

Na última quinta-feira, provamos:

 

– Couvert – franciscano. Pães frescos com azeite (ótima qualidade). Coloquei um pouco de sal e, mais uma vez, foi provado que, sim, existe – muita – beleza e – muito – sabor na simplicidade.

 

– Vinho – Cartagena chardonnay 2002 – sim, 2002 já é velhote para um vinho branco. O garçom nos informara que é um vinho bastante amanteigado (adooooro vinho amanteigado). E era isso mesmo. Amanteigado e só, já perdeu todas as frutas que poderia ter e restou apenas o amanteigado mesmo. Ou seja: não se deve comprar para guardar; é um vinho que está em seus últimos momentos e o inevitável fim como vinagre está próximo. Ele foi médio durante o couvert – está um pouco sem graça para ser tomado sozinho, como aperitivo – e cresceu com o prato, acompanhando bem o risoto.

 

– Risoto de bacalhau – era o prato do dia (por isso disse que é bom checar qual é o prato do dia antes de ir, eles não têm medo de pratos controversos, como é o bacalhau, que ou você ama, ou odeia). O prato vem muito bem apresentado, decorado com manjericão fresco, mais uma mostra do capricho do lugar.

Não vou dizer que era um risoto cremoso nem que foi o melhor risoto que já comi. Faltou um pouco de tempo na panela, para ficar cremoso – o arroz estava cozido al dente, mas aquele creminho do risoto na verdade estava mais para aguinha do risoto. Mas o sabor não foi prejudicado. Tirando o “fator cremosidade”, o sabor estava ótimo e o prato era bem “recheado” com bacalhau. Ou seja, muito melhor que o esperado de um risoto de dez reais. Harmonizou bem com o vinho, que melhorou bastante na companhia do risoto.  

 

Em resumo, é um lugar delícia, onde se bebem bons vinhos, na certeza de que irão combinar com os pratos. Vale a pena.

 

Quanto gastamos – total da conta de 100 reais, para duas pessoas.

Onde fica –  Rua Manoel da Nóbrega, 1014 – Paraíso – SP

www.vineastore.com.br

Onde fica –

Dalmo o Bárbaro

Lembra do Namoro na TV (e variantes), o Seu Silvio oferecendo como prêmio para o casal recém-formado “um passeio no Guarujá e um jantar no Dalmo o Bárbaro”?

Então! É esse!!!!!!!

 

O Dalmo o Bárbaro (pelo menos o que eu conheço, não sei se tem outro, no Guarujá mesmo) fica em plena Rio-Santos.

 

Sempre passamos por ali, ou na ida ou na volta da praia, e falamos “a gente precisa parar aqui qualquer dia e experimentar”. Mas nunca tínhamos parado.

 

Até que descemos em um sábado, só para resolver umas coisas e voltar, e falamos “a hora é agora”. E paramos para almoçar.

 

Como eu já disse, o lugar fica na estrada. Apesar disso, consegue ser agradável: tem um salão amplo e arejado, e, nos fundos, uma varanda que dá para uma área bem arborizada, onde existem apenas umas ruazinhas de terra e quase ninguém passando (era o final de tarde de um sábado chuvoso de setembro, não sei até que ponto isso pode ter interferido). Sentamos na varandinha.

 

Fomos superbem atendidos. É um lugar onde os garçons são GARÇONS, sabe? Não são jovenzinhos bonitinhos que querem descolar uma grana extra, não são iniciantes… são garçons. Sabem de cor e salteado cada detalhe de cada prato, servem arroz manejando duas colheres ao mesmo tempo sem derrubar um grão e todas essas coisas de quem sabe o que faz ali.

 

Como o garçom explicou que os ingredientes são fresquíssimos e super selecionados, optamos pelo prato mais simples dos simples, um peixe ao molho de camarões. Tínhamos duas opções de peixe: pescada cambucu e dourado (o garçom explicou que existe um dourado de mar – eu achava que era um peixe de rio – e que era muito saboroso). Fomos no dourado de mar, que nenhum dos dois conhecia. Seguindo a recomendação do garçom, fomos de prato pequeno (todos os pratos são oferecidos na versão pequeno e grande, ou nomes equivalentes).

 

Não nos arrependemos: fomos brindados com uma boa porção de postas altas de peixe, grelhadas na medida, com um saboroso (simples e suave) molho de tomates com camarões graúdos. Acompanhando, arroz branco básico.

 

Achei o peixe um pouco firme demais para o meu gosto – a textura estava mais para outras carnes brancas que para outros peixes. Mas o sabor era muito bom. É um peixe de sabor forte, intenso. Mesmo sendo um peixe saboroso, da próxima vez ficaria com a pescada – agrada mais o meu paladar.

 

O molho estava na medida certa, de sabor suave, estava ali para escoltar o peixe mesmo. Os camarões, cozidos no ponto certo, em boa quantidade e de um tamanho, delícia, que precisa ser cortado duas vezes, sabe como?

 

Comemos MUITO e ainda levamos uma quentinha para casa, que virou jantar no dia seguinte.

 

Não pedimos a sobremesa porque, antes de entrar, vimos uma tia vendendo doces na porta. Escolha certa: três doces por dois reais, sendo que na primeira leva pedimos brigadeiro e bicho de pé. Ambos macios e saborosos, mas o bicho de pé se destacou. Para não dar briga pelo bicho de pé “sobressalente” (três doces, duas pessoas…) repetimos a dose e levamos mais três bichos de pé (estava bom, MESMO). E com o real que sobrou dos cinco, arrematamos mais uma fatia de bolo de fubá molhadíssimo, que ficou para o lanche da tarde do dia seguinte.

 

Portanto, o Dalmo vale a pena de ser visitado. Seu Silvio sabe o que faz… rsrsrrsrs…

 

Quanto gastamos – total da conta (um prato, uma cerveja long neck, um refrigerante e o serviço), de cerca de 120 reais, mais os cinco reais da tia do doce.

Onde fica – SP-055 (também conhecida como Rio-Santos), Km233 (Caruara), 12 Km – fica em um trevo da Rio Santos, pertinho de Bertioga, não tem como errar.

http://www.dalmobarbaro.com.br/

(engraçado, no site só fala do Guarujá, apenas cita rapidinho o da Rio-Santos…)

 

La Tartine

Sempre vou ao La Tartine, e sempre como uma das quiches.

Como dessa vez variei o prato, vou deixar para falar delas em uma próxima ocasião.

 

O La Tartine é uma GRAÇA de lugar. Fui apresentada a ele há vários anos, por um francês que na época morava em São Paulo e atestava que lá era o ponto de encontro “da colônia” em São Paulo.

 

Desde então o lugar passou por, que eu me lembre, duas ampliações, sem perder um nada do charme em cada uma delas. Na primeira, inclusive, ganhou uma vitrine lindinha que reforçou ainda mais o ar parisiense da casa.

São três salões pequenininhos, em uma casa antiga, de piso de madeira igualmente antiga, pé direito alto. As paredes são coloridas e cheias de fotos, cartazes e pôsteres. As mesas são pequenas e bastante próximas uma das outras. Algumas têm cadeiras de madeira, outras de metal, outras um sofazinho… sabe aquele ambiente arrumadamente bagunçado? Então, é esse.

Existe também um salão no segundo piso, só um pouco menos charmoso. Desta vez, sentamos no primeiro piso – o que é uma sorte, considerando que chegamos em um sábado às dez da noite.

 

Fizemos os pedidos; fui de Croque Chevre, que nada mais é que o amigo misto quente (nesta versão, com presunto de boa qualidade e queijo emental), acrescido de uma bela quantidade de… tcharam… chevre (!) e gratinado no forno. Estava simplesmente DELICIOSO, com todos os ingredientes em perfeito equilíbrio, provando que a vida pode sim ser boa e simples ao mesmo tempo. Acompanhava uma salada verde fresquíssima, regada com o delicioso molho de nozes e mostarda da casa. Uma refeição leve e muito saborosa.

 

Marido pediu uma das opções de prato do dia, que era coq au vin. Eu não provei, mas ele disse que estava muito bom, a carne bastante macia acompanhada de um molho grosso e saboroso, acompanhada de um arroz branco meio sem graça.

 

Em resumo, o ambiente é mais que charmoso, com ares franceses mesmo, com boa comida e precinho ameno. Para continuar voltando

 

Quanto gastamos – o total da conta foi de uns 120 reais (dois pratos, água, uma garrafa de vinho e serviço).

Onde fica – Rua Fernando Albuquerque, 267

Consolação

São Paulo – SP

não tem site!

 

Marcel

Foi o lugar que Marido escolheu para o jantar de aniversário.

O Marcel é um lugar tradicional. Tra-di-cio-nal. Por questão de comodidade, escolhemos a filial dos Jardins, um maldito restaurante de flat (odeio restaurantes de flats, hotéis e hospedarias em geral). Ainda assim, o lugar transpira tradição. Por todos os poros.

 

É um salão amplo, com poucas mesas – e bastante distância entre elas, olha que coisa boa. São mesas de madeira pesada e escura; cadeiras pesadas e ultraconfortáveis, estofadas de tecido tipo jaquard estampado. Lugar escurinho, luz de velas, quadros clássicos na parede. Pegou o clima?

Guardanapos de linho, pratos de porcelana (lindos! Cada prato da mesa tinha uma estampa diferente, e a desarmonia era totalmente harmoniosa), taças de cristal, talheres de prata, tudo comme Il faut.

 

Quando cheguei, todos à mesa tomavam suco de tomate – eu detesto suco de tomate = catchup com gelo no copo – e disseram que estava muito bom.

 

O couvert era simples, mas muito bem executado: pães de diversos formatos (todos frescos e quentes), torradas, manteiga, um patê de foie DIVINO (cremoso, bem temperado e super leve). Também foram servidos um confit de tomate, picante na medida e um patezinho de legumes que eu não consegui identificar (também picante, também saboroso).

 

Na hora de pedir o prato, fui na tradição: suflê. O meu era de queijo brie com cogumelos e aspargos. Pedi no tamanho pequeno, uma lady.

 

O suflê estava efetivamente bem feito. Leve, leve, leve, como nunca faremos em nossas casas. Uma casquinha crocante e saborosa na parte de cima. Mas……… achei que faltou um pouquinho de sabor. Quase não se sentia o gosto do brie, e os aspargos e cogumelos, talvez moles demais, talvez muito poucos, não apareceram na boca. Ficou um sabor um tanto quanto indeterminado (sabe aquela coisa borderline entre o sabor suave e o sabor inexistente? Então).

No geral, dou nota seis para o suflê: dez na textura, dois no sabor. Ficou devendo, dada a tradição e os prêmios que a casa detém (e os preços na coluna direita do cardápio, principalmente).

 

Na mesa também foram pedidos:

– suflê de frutos do mar – recebeu elogios calorosos na textura e moderados no sabor.

– confit de pato acompanhado de feijão branco – provei, estava MESMO super saboroso. Me arrependi totalmente por não ter pedido.

– rabada – também foi efusivamente elogiada

 

Desta vez pedimos sobremesa (o suflê LEVE era tamanho PEQUENO, lembra?).

Tudo o que o suflê não correspondeu, o profiterole fez. E sobrou.

Era um super profiterole gigante, de massa levíssima e crocante, recheado com sorvete. Quando eu pensei em fazer uma mini cara de frustração “falta algo no meu prato” um garçom saído sabe-se lá de onde se materializou ao meu lado com uma jarra de calda de chocolate e começou a “temperar” o prato.

Hum.

Que delícia. A calda tinha um amarguinho delicioso, que combinava perfeitamente com o doce do sorvete e o doce super suave da casquinha. Certamente a melhor parte do jantar.

Na mesa também foram pedidos:

– petit gateau – não provei, foi considerado na média dos bons petits gateaux por quem pediu

– frutas vermelhas flambadas – também não provei; foi considerado meio sem atrativos

– torrone gelado – este eu provei. Super bem apresentado, mas não deixa de ser um sorvete. Dos médios.

O profiterole com certeza foi o grande destaque nas sobremesas.

 

No geral, achei o ambiente super tradicional sem ser sufocante, o serviço excelente, o couvert muito bom, o famoso suflê decepcionante e o profiterole redentor.

 

Considerando o preço e a fama, esperava mais. Acho que não voltaria se tivesse que pagar a conta.

 

Quanto gastamos – cerca de 120 reais por pessoa (couvert, suco de tomate, pratos, duas garrafas de vinho para seis pessoas e sobremesa).

Onde fica – Rua da Consolação, 3555

Jardins – São Paulo – SP

www.restaurantemarcel.com.br

Antigas

Outro lugar da praia, que eu adoro e sempre vou.

Fica em uma daquelas ruazinhas de terra, e é uma espécie de casa sem paredes, com muitas plantas por todos os lados – o que significa, no calor, pernilongos em profusão. Não esqueça de pedir o repelente, que eles sempre têm.

 

Mas estão certos estes insetinhos: o lugar é super agradável. Parece mesmo uma grande varanda, mesas de madeira rústica, piso de cimento queimado, um bonito jardim de inverno no canto.

 

O atendimento é simpático, mas fica um pouco devagar quando a casa está cheia. Tenha paciência, é a praia.

 

Nesta última vez, fomos almoçar lá em um domingo chuvoso, com um casal querido. Estava até que movimentado. E o serviço foi muito bem.

 

Pedimos lula a dore de entrada – imperdível. Perfeita. Lulas macias, casquinha muito crocante, um tempero delicioso. Veio com uma micro porção de molho tártaro – mas esse não dá para falar muito, a porção é tão minúscula que nem deu para experimentar direito, eram quatro pessoas…

 

Os pratos podem ser individuais ou para duas pessoas. Optamos, eu e marido, por dividir uma lula (gostamos do bicho) recheada com purê de moranga.

 

Vieram à mesa quatro lulas, das grandinhas e bem carnudas (e muito macias), recheadas com um purê de moranga muito levinho, cremoso e com um discreto fundinho de sabor de leite, delicioso. As lulas vêm em um molho bem suave de tomates, cebola e shoyu (uma vez eu reproduzi este molhinho em casa, usando estes ingredientes e super deu certo).

Acompanhando, um arroz branco.

 

Estava muito bom, de verdade. Um prato diferente, mas simples, e bastante saboroso.

 

Nossos amigos pediram um peixe grelhado com molho de tomates, manjericão e lulas. Eu não provei, mas eles disseram que estava ok, sem despertar nenhuma emoção – e o peixe estava com bastante espinhas, coisa que eu acho que não precisa em um restaurante, ainda que simples.

 

Dispensamos a sobremesa, pedimos um café – um expresso forte, muito bem tirado – e fomos. E voltaremos, com certeza.

 

Quanto gastamos – quarenta reais por pessoa (entrada, dois pratos para dois, sucos e refrigerantes para todos, café e serviço).

Onde fica – Rua Reginaldo Flavio Correia, 190 (gente, pára, né: para quem vem do Camburizinho para Camburi, é a primeira rua depois da ponte)

Camburi – São Sebastião – SP

http://www.restauranteantigas.com.br/camburi/antigas.htm

 

(gostei TANTO do post com fotos, mas não consegui NENHUMA imagem para este… definitivamente, tenho que começar a lembrar de levar a máquina fotográfica…)

 

Badauê

 

Se o Carlota é o meu restaurante preferido em São Paulo, o Badauê é o meu restaurante preferido EVER.

 

 

 

Explico: além das razões objetivas que vou apresentar daqui a pouco, ainda por cima ele tem um componente afetivo-pessoal bem importante na minha vida (não sou parente nem nada dos donos, já esclareço, mas também não vou entrar em detalhes dos motivos pessoais).

E fica na praia. E a praia é o meu lugar preferido. Não tem lugar em que eu me sinta mais relaxada. Com certeza é O destino de finais de semana, feriados e férias, pelo menos para mim.

Então, minha visão de lá é um pouco distorcida – para melhor. Perdoe, sou uma mulher que adora o lugar.

 

Eles passaram por um período difícil, logo que perderam a chef-estrela (que era uma cozinheira talentosíssima vinda do Manacá; enquanto ela esteve no Badauê, ele viveu seus momentos de auge e depois da saída dela ainda não voltou a ser o mesmo, embora tenha melhorado E MUITO nos últimos tempos – último ano-, voltando a ser uma ótima e constante mesa depois de um período um pouco irregular). Freqüento com certa regularidade o lugar, então posso afirmar que ele está em um bom momento para ser visitado (a essa altura do ano passado eu não recomendaria de modo tão enfático; a essa altura de 2005 eu praticamente obrigaria você a ir lá… entendeu o espírito da coisa?).

 

 

Mas vamos às últimas visitas (sim, porque no último final de semana passado na praia, jantamos lá na sexta-feira e no sábado).

 

Em primeiro lugar, o ambiente.

É um lugar pé-na-areia, que inclusive funciona durante o dia, tendo mesinhas (charmosas) na praia, onde o povo fica tomando sol. Você pode escolher sentar na areia ou no deque. Nunca experimentei a areia – as mesas são bem baixinhas, acho que seria desconfortável sentar ali para jantar.

O deque é amplo e tem uma boa parte ao ar livre. Existem duas grandes árvores no local, no meio do deque. Nos dias de chuva, eles fecham um pedaço, e nos dias de frio, colocam aquecedores. Nas noites quentes, é perfeito.

 

Os móveis são de madeira rústica, pesadona. Dentro da pequena área fechada, e também na área externa, existem dois balcões daqueles super-rústicos que são lindos de morrer. As almofadas coloridas ali e aqui (peça uma para os garçons se você não quiser sentar direto na cadeira) e as velas espalhadas pelas mesas completam o clima.

E tem a brisa e o barulho do mar…

 

O serviço

Sensacional. Super eficiente porém discreto. A equipe toda é super bem treinada, mas eu prefiro o Jonas e o Daniel. Eles são muito atenciosos, e o Jonas – que é o garçom mais antigo do lugar – tem sempre umas sugestões ÓTEMAS de pratos que não constam do cardápio. As sugestões dele são aquelas preparadas com o que tinha de mais fresco no dia, sabe? Todos os garçons, se solicitados, fazem sugestões, mas o Jonas é mais criativo que os outros.

 

As bebidas

Prove das caipirinhas. São muito boas. Não tem aquelas combinações criativas, mas são super bem executadas, e combinam perfeitamente com o clima. No final de semana provei a minha preferida, a de frutas vermelhas.

A carta de vinhos é o ponto fraco do lugar, são poucas as opções. Mas dá para levar de casa numa boa, e o preço da rolha é justo.

 

As comidas

Vou descrever os pratos que pedimos no final de semana (foram dois jantares):

 

1. Entradinhas

– ika roll – lulas recheadas com shimeji, feitas na grelha, servidas com molho tare. As lulas estavam carnudinhas, combinando superbem com os cogumelos. E o molho, executado perfeitamente.

– robata de abobrinha – abobrinhas na grelha, suculentas, no ponto certinho. O mesmo molho tare, muito bom.

– robata de camarão – decepcionou. Deixaram passar do ponto, e os camarões, de bom tamanho, chegaram à mesa ressecados e duros. Reclamamos, eles pediram desculpas e não cobraram.

 

2. Pratos

– risoto de frutos do mar – pense em uma coisa DELICIOSA. Mas digo assim, deliciosa. O arroz al dente, cozido perfeitamente no ponto, com toda a cremosidade que merece um bom risoto. Frutos do mar em profusão – lula, polvo, marisco e camarão – todos de bom tamanho, todos macios, todos no ponto certo. Um clássico do lugar, e dessa vez, como sempre, não decepcionou.

(depois desse risoto, eu pedi risoto de frutos do mar umas duas vezes em outros lugares, até aceitar a realidade e desistir… nenhum ganhou dele, e acho que nenhum vai ganhar)

 

– badejo grelhado com molho à provençal acompanhado de risoto de frutos do mar – os peixes deles são uma COISA. Sabe aquele peixe superbranco, filé alto, com uma casquinha crocante? Então, foi assim que ele chegou à mesa. Fresquíssimo, chapeado no ponto certo. Com um molhinho provençal suave na medida, que temperou sem apagar o sabor do peixe. E acompanhado desse risoto daqui de cima.

 

– lagostins grelhados – é o novo prato-fetiche de marido. São lagostins carnudinhos, grelhados, que vêm em um molho de tangerina, docinho, mas um pouco forte para o meu gosto (eu acho que acaba encobrindo um pouco a delicadeza do sabor do lagostim). Acompanhando, risoto de brie com berinjela – sensacional. Eles sabem fazer risoto por lá, e este vem com umas beringelas meio que caramelizadas, muito, mas muito boa. E com um monte de brie, que eu adoro.

(este prato não está no cardápio e não é sempre que tem, depende da disponibilidade dos lagostins)

 

– badejo grelhado com frutos do mar a provençal – é uma variação do outro badejo. Este veio um filé do mesmo tipo: alto, fresco, com uma fina casquinha. Os frutos do mar – lulas, polvos, camarões, mariscos – vêm em um molho provençal bem leve, cobrindo o peixe. E acompanha um risoto de palmito, simples e bem executado. Este prato é imeeeenso. Dependendo da fome dá para dividir numa boa.

 

Como sempre, não conseguimos chegar na sobremesa – nem na sexta, nem no sábado.

 

Como você já deve ter percebido, adoro o lugar e recomendo mesmo.

 

Quanto gastamos – sempre que vamos lá, levamos o vinho. Pedindo os pratos, água e uma entrada a conta costuma ficar em torno de 180 reais. Quando estamos dispostos e enfiar o pé na jaca e pedimos umas caipirinhas e umas cervejas, vai para uns 220 reais.

 

Onde fica – Avenida Mãe Bernarda, 2001 – Juqueí

São Sebastião – SP

 

AS FOTOS FORAM OBTIDAS NO SITE DO RESTAURANTE

 

http://www.restaurantebadaue.com.br/

Capim Santo

Domingo de sol e calor. Frustração TOTAL porque não deu para ir para a praia. Fazer o que? Correr para o Capim Santo.

 

O lugar é um verdadeiro Oasis bem no meio dos Jardins – tem uma entradinha charmosa, decorada com bambuzinhos, um belo jardim na parte da frente, com mini riachinho e tudo (e obviamente milhares de crianças correndo alucinadas por entre as mesas; para quem não gosta, é bom saber). Tem um salão clarinho e sem maiores atrativos e no fundo, um grande quintal coberto com telhado transparente, super claro e arejado, com as mesas dispostas em mais um grande jardim. Delícia de ambiente. Vale a pena esperar um pouco mais e se recusar a sentar dentro do salão.

 

É claro que no domingo de sol TODOS os habitantes de São Paulo terão a idéia de ir almoçar lá. Então se prepare para a espera. E para a hostess nervosinha que irá te receber (esse é o único ponto de fato desagradável da casa, mas o contraponto é que, apesar de nervosinha, ela é justa e organizada, então ninguém vai passar na sua frente, ao menos de maneira ostensiva).

 

Durante a looooonga espera (mais interminável quanto maior for a sua fome), você pode fazer pratinhos e ir beliscando, uma vez que a casa funciona em sistema de bufe. A princípio ficamos somente na cervejinha…. mas depois de diversas cervejinhas e já bem tontinhos (estávamos a pé, antes que eu seja acusada de ser uma fora-da-lei), ficamos um tanto decepcionados com as opções do bufê que eram passiveis de ser petiscadas neste sistema: as convencionais nuts e o convencional parmesão. Fizemos um mini pratinho só para evitar a completa embriaguez e seguimos firmes e fortes, acomodados em um grande pufe no jardim (estava bem agradável até).

 

Quando finalmente sentamos (coisa de uma hora e pouco de espera), fomos nos servir. Optei por porções basicamente minúsculas, para poder provar mais coisas. Mas em bufê é um pouco inevitável comer demais….

As opções frias eram tudo de bom: saladas das mais variadas, diversas combinações diferentinhas, tomates recheados, um mix de cogumelos delicioso e uma panelinha de lulas no molho de ervas e tomate cereja altamente repetível.

 

Não achei os quentes tão bons (lembrando que estava um calor DAQUELES): vatapá de lagosta (era a melhor opção) com arroz integral, salmão com crosta de castanha de caju sobre espinafre (gostoso, mas meio básico demais) – isso na primeira leva. Na repetição, provei o filé com queijo de coalho (nada demais), o pernil (delícia, a melhor das carnes vermelhas) e a carne seca com abobora (muito boa). Nos acompanhamentos, os legumes assados no forno a lenha foram o grande destaque.

Tinham também umas massas simples, e frango e outras carnes, que eu não provei.

 

Nos salgados, em resumo, o bufê estava bom, mas não ótimo. Considerando o preço e as experiências anteriores no mesmo restaurante, eu esperava bem mais.

 

No domingo existe também um bufê de sobremesas. Ai. Mil vezes ai.

Eu me ative a basicamente três dos doces oferecidos, mas confesso que os consumi em quantidades, hum… industriais?

 

Foram eles:

– cocada – não é a cocada que você está pensando. É A cocada. Um doce de coco, na verdade, com grandes e suculentas e deliciosas lascas de coco fresco ligeiramente tostadas boiando em caramelo molinho. Doooooooce. E booooooom.

 

– brigadeiro mole – porque brigadeiro, né. É o melhor doce do mundo ever. Posso comer quantos profiteroles, macarons, marzipans e suflês e ganaches. O brigadeiro ganha, com facilidade (e o brigadeiro branco fica empatado em primeiro).

 

– brigadeiro de capim santo – gente. Gente. Gente. Eles sei lá como fazem um brigadeiro com capim santo (não sei se é com chá, com suco, com extrato). O resultado é um doce molinho e delicioso. Quase tão bom como brigadeiro convencional. Aliás, se você for lá, faça um meio-pote de brigadeiro convencional e meio-pote de brigadeiro de capim santo. Vai por mim, que eu sei o que estou falando… hehehe.

 

Resumo do almoço:

– ambiente – o mais agradável possível, considerando as limitações da megalópole. Certamente um dos restaurantes mais bonitos dentre os (poucos) ensolarados e arejados da cidade.

– espera – interminável nos finais de semana de sol. Se prepare. Os petiscos do bufê não ajudam em nada a amenizar, mas a cerveja (long neck) é geladíssima.

– mesa de pratos frios – muitas combinações inusitadas e gostosas.

– mesa de pratos quentes – convencional e bem executado. Ficou devendo, pelo menos na última visita.

– mesa de doces – se jogue.

 

Da próxima vez, é bem capaz de eu almoçar em outro lugar e passar lá para pedir só a sobremesa: a la carte eles fazem o mix de três brigadeiros (branco, preto e capim santo, servidos em colheres de cerâmica super charmosas).

 

Quanto gastamos – devido o número de cervejotas geladíssimas ingeridos na espera… esqueci. Mas o bufe custa 51 reais por pessoa no domingo.

onde fica – Al Ministro da Rocha Azevedo, 471 – Jardins – SP

http://www.capimsanto.com.br/portugues.html

 

 

Carlota

O Carlota é o meu restaurante preferido em São Paulo. Pronto falei.

Acho que ele tem um ambiente super despojado e elegante ao mesmo tempo (minha cara, hehe), um mix de clientes interessante (no mesmo lugar a gente vê gente de jeans e gente de Chanel dos pés a cabeça, e todos estão sempre super a vontade e integrados com o local) e um cardápio que, ah, é o cardápio do Carlota – o típico menu que te deixa em dúvida entre umas oito opções que você quer MUITO igualmente.

 

Começando pelo lugar: é lindo. Fica em Higienópolis (bairro bacanudo, todo arborizado, prédios antigos e liiiindos), o que já é um ÓTIMO primeiro passo, pela beleza do entorno.

Está em uma casinha antiguinha, toda charmosa. Na entrada uma agradável área de espera, parecendo um jardim, com mesinhas de ferro baixinhas. Por dentro, as paredes são brancas, o piso é de madeira, os móveis são clássicos, mas com um que de modernosos (acho que pela mistura de estilos e pelo contexto todo do lugar). O bar é agradável de ficar, é gostoso pedir uma bebidinha enquanto espera (quase inevitável se você não reservar).

 

Fazia um tempinho que eu não ia lá, e neste intervalo de ausência tinha ouvido de várias pessoas que o Carlota não é mais o mesmo, que a super fama da chef (e a consequente diminuição do tempo dedicado à supervisão da casa) tinha acarretado em uma queda da qualidade, que o lugar tinha virado programa turístico e que tinha perdido um pouco do charme.

 

Chegamos – eu e marido – lá em um sábado, perto das dez da noite. Preparados para esperar uma hora ou mais pela mesa. Sentamos no balcão do bar, pedimos um vinho (delicioso, pena que eu nunca vou lembrar qual era)… e a hostess nos chamou para sentarmos (vale ressaltar que sempre falamos que não nos importamos de sentar na área de fumantes, o que costuma diminuir consideravelmente o tempo de espera em qualquer lugar da cidade). O sinal amarelo acendeu – os comentários, a espera mínima…

 

Sentamos, e ao redor vários sotaques. Tinha mesa conversando em francês, tinha sotaque do nordeste, do sul… será que o lugar tinha mesmo virado ponto turístico? Nova Famiglia Mancini???

 

Dispensamos o couvert e pedimos os famosos rolinhos vietnamitas de entrada. Apesar da fama, eu nunca havia experimentado os danadinhos. Quando vieram à mesa… decepção. Uma massa fininha parecendo aquelas massas de guioza, cozida, recheada com UM MONTE de verduras e cenouras raladas cruas e UM PINGO de camarão. Acompanhada de dois molhinhos – que eu achei a melhor coisa do prato, por serem picantes e bem temperados, ao contrário dos rolinhos mega insossos.

 

Neste momento o alerta máximo acendeu. Será que o Carlota tinha mesmo decaído? Será que os pratos seriam uma decepção total? Será que eu teria que arrumar outro restaurante-preferido-em-SP????

 

Fizemos o pedido. Não teve negociação, e acabamos pedindo o mesmo prato (sempre tento obrigar Marido a pedir um prato diferente do meu, para poder pegar garfadas do dele): lulinhas baby grelhadas, acompanhadas de risoto de camarão com brie.

 

Quando os pratos chegaram… UFA. Vamos lá, repitam todos comigo: UFA. A primeira garfada já trouxe uma lula baby super carnudinha e macia, temperada na medida (marcante sem deixar de ser suave). A segunda garfada trouxe um risoto daqueles bem cremosos, com um sabor suave (embora fosse perfeitamente possível reconhecer o camarão e o brie) que equilibrava perfeitamente o tempero marcante das lulas.  

Comi até o final, sem ficar enjoada sem cansar do sabor. Quando acabei, apesar de estar mais que satisfeita, comeria mais um pouco – de tão gostoso que estava. A impressão de Marido foi a mesma.

Comemos tanto que dispensamos a sobremesa, deixando para provar o famoso suflê de goiabada com calda de requeijão no dia seguinte, na casa do sogro – que executa a sobremesa à perfeição, olha que sorte a minha.

 

Terminamos o jantar super felizes e satisfeitos, por termos comido tão bem como esperávamos e por saber que, apesar dos boatos e maledicências, o Carlota continua firme e forte. E aqueles sotaques todos só mostram que os brasileiros de todas as regiões (e os gringos) têm é um bom gosto danado.

 

 

Quanto gastamos – com vinho, uma entrada e dois pratos, o total da conta foi por volta de 150 reais por pessoa.

Fica na Rua Sergipe, 753 – Higienópolis – SP

www.carlota.com.br

 

Frevo

 

 

Fazia tempo que eu não visitava este lugar SUPER tradicional (e delícia) daqui de São Paulo.

Fui almoçar por lá em um sábado de comprinhas nos Jardins. E, para variar, não me arrependi.

Sem medo de cometer uma semi-heresia, dispensei o Beirute tradicional (com queijo, rosbife e salada) e me joguei no ultra calórico e ultra delicioso beirute parmegiana.

Se você não conhece o local ou o prato, sim, é o que você está pensando: um bifão a parmegiana recheando duas singelas fatias de pão sírio.

Não é um filé a parmegiana qualquer. Ele reúne todos os elementos determinantes de um BOM filé a parmegiana (não é tão fácil encontrar um prato que reúna todos eles):

– O filé é macio

– O empanado é super sequinho e crocante.

– O molho de tomate é caseiro, claramente feito a partir de docinhos e suculentos tomates frescos, e não de tomate pelado, não tem nada de acidez e tem um temperinho delícia. Vem na quantidade certa, sem miguelança e sem afogar a pobre carne indefesa.

– O queijo é Palmira e é abundante.

 

Para completar, o pão sírio é daqueles mais maciozinhos, e vem ligeiramente tostado.

 

Quer saber? Dos deuses.

 

Dica: eu sempre acabo pedindo o tamanho normal, e não sobra um espacinho para a sobremesa clássica do lugar (o Capricho), que eu NUNCA experimentei (espaço para expressões de espanto e terror). Portanto, recomendo com força – e quero fazer isso da próxima vez – que você peça o tamanho mini. É super suficiente para alimentar uma pessoa normal faminta (se for o parmegiana – nos outros recheios, mais leves, o normal é de bom tamanho). O tamanho regular acaba sendo meio grande.

 

Quanto gastamos – fomos em dois, pedimos um Beirute parmegiana cada um e uns dois ou três chopes (que também é do bom) e o total da conta foi uns 55 reais.

 

Onde fica – Rua Oscar Freire, 603 – Jardins – SP

Tem também na Augusta, pertinho Espaço Unibanco

 

www.frevinho.com.br

Retomando

 

Depois de (longas) férias forçadas, vamos retomar a programação normal.

Peço desculpa pela ausência sem explicações e agradeço a paciência de quem (ainda) volta aqui.

A partir de agora, retomamos o ritmo de atualizações freqüentes.

 

É claro que neste intervalo eu comi E MUITO por aí.

Mas vou me manter fiel à proposta inicial deste blog: os comentários são baseados nas experiências recentes, e nunca nas lembranças dos lugares.

Por isso, retomo os posts com os lugares que fui nas últimas duas semanas.

Portanto,  alguns dos lugares visitados neste intervalo do blog serão comentados quando eu voltar lá (Ritz, Adega Santiago, Amsterdan Cafe…), ou então perderam para sempre a oportunidade de aparecer por aqui (o Kebab Salonu nunca mais me pega, o Be Fresh que desperdiçou a sua last chance…).

E vamos em frente!